Paróquia São Pedro Apóstolo - Gaspar, SC

Notícias › 26/06/2015

Tríduo: A Igreja que vai para a outra margem

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Moacir Beggo

Gaspar (SC) – Esta foi a principal mensagem que o pregador e Definidor da Província Franciscana da Imaculada Conceição, Frei Evaristo Spengler, deixou para o povo que veio participar do primeiro dia do tríduo preparatório para a Festa de São Pedro Apóstolo, em Gaspar (SC), ao refletir sobre o tema “A opção missionária da Igreja”.

evaristoFrei Evaristo foi convidado pelo pároco e também Definidor da Província, Frei Germano Guesser, para ser o pregador deste tríduo. Natural desta cidade, Frei Evaristo contou que voltava a participar da festa depois de 42 anos, quando deixou sua terra para ingressar no Seminário. Na procissão de entrada, as comunidades da Paróquia trouxeram pequenos barcos de papel para apresentá-las. “Eu fiquei encantando com esta procissão, relembrando o Pedro pescador e a Igreja de Cristo”, disse o pregador, ressaltando que sua reflexão se deteria sobre essas “duas pessoas fabulosas da história do cristianismo: Jesus e São Pedro”.

No Evangelho, Jesus convida os discípulos a irem “para a outra margem” do lago e saírem da região de Cafarnaum. “Ele não tinha concluído o que tinha iniciado na região, mas ele disse aos discípulos: ‘vamos para a outra margem'”, disse Frei Evaristo.

“Jesus vai ao encontro daquele que não ouviu ainda a Boa Notícia do reino do Pai. Também nós somos chamados a irmos nessa barca de Jesus. Toda Igreja é chamada a ser missionária e muitas vezes nós dizemos que não podemos deixar a nossa comunidade, porque temos muita coisa para fazer. Temos acabar de pintar a sala da catequese, temos de preparar a liturgia, limpar a igreja, temos, enfim, muito trabalho. Se for assim, ninguém jamais fará missão na Igreja. Mas Jesus nos convida: venham para a barca e vamos para o outro lado, para a outra margem”, enfatizou.

home_paroquiaO pregador explicou que a missão ad gentes é aquela que leva o Evangelho a outros povos, a outros países. “Eu passei 10 anos em Angola, foi um momento muito realizador na minha vida sacerdotal. Agradeço a Deus a cada dia por essa bela experiência que Ele me deu de conviver com aquele povo sedento da busca de Deus. Claro que nem todos vão ser missionários em outros países, em outros estados. Mas os bispos do Brasil nos chamam a atenção de que a Igreja deve viver num estado permanente de missão. Essa é para todos. Porque uma boa Igreja é missionária ou ela não é Igreja”, disse.

A Igreja nasceu da missão, diz Frei Evaristo, e ela vive da missão. “Então hoje, nesta preparação, Jesus está chamando a cada um de nós a subir nesse barco e deixar as quatro paredes para ir ao encontro dos que sofrem e querem uma palavra de consolo. Quando será que foi a última vez que visitamos um doente, uma pessoa idosa que vive sozinha?”, perguntou, lembrando a frase da Oração de São Francisco: ‘Oh Mestre, fazei que eu console mais que ser consolado’.

IMG_7610Frei Evaristo, que reside em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, disse que faz essa experiência constantemente. “Há poucos dias, numa noite, três jovens foram assassinados, amarrados e largados à beira da estrada. Eu fiz a encomendação dos três corpos. Eu nunca tive tamanha dificuldade de falar com uma das mães quando viu o corpo todo ensanguentado do filho. Ela gritava e repetia: ‘Quem vai cuidar do meu filho?’ A única coisa que pude fazer foi abraçá-la e dizer: ‘Agora é Deus que vai cuidar do seu filho!'”, contou o pregador, ilustrando com exemplos a triste realidade de crianças e jovens que são constantemente levadas pelo tráfico. “Essa realidade impõe muitos desafios, como no campo das famílias, onde os pais não sabem mais como conduzir os próprios filhos com tantas mudanças neste mundo pós-moderno, que tem valores e contravalores que se misturam na vida de cada um todo o tempo”, observou Frei Evaristo.

No evangelho, os discípulos enfrentam um vendaval e ondas fortes, quando gritam desesperados: “Mestre, não te importa que pereçamos?”

“Na Bíblia, a barca sempre significou a Igreja; a barca é o símbolo da comunidade de fé. Os vendavais, as tempestades, as ondas, sempre são vistas como os males  presentes no mundo. Quantas vezes nós perguntamos: será que Deus não ouve nossa voz? No momento de uma doença, de uma necessidade profunda na vida, parece que Deus está dormindo. Foi essa sensação dos discípulos. Não te importa Senhor que pereçamos? Jesus, com duas palavras, levanta e diz: ‘acalma-te, silêncio’. E grande foi o espanto porque aquele que tinha poder de curar, tem poder sobre as forças da natureza. Então, Jesus faz a pergunta-chave: Onde está a vossa fé? Por que estão com tanto medo? Muitas vezes pensamos que o contrário da fé é o ateísmo, aqueles que não creem. Não, irmãos, irmãs. O contrário da fé é o medo. Quando o cristão está paralisado, sem ação, com medo, isso é falta de fé”, ensinou.

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Dia de quadrilha, fogueira e quentão na festa…

Frei Evaristo, então, passou a falar mais de Pedro, o pescador, irmão de André, nascido em Bethsaida. “Pedro é o primeiro apóstolo a levar a fé aos pagãos no seu tempo”, disse o pregador, citando o Capítulo 10 dos Atos dos Apóstolos, quando um centurião romano Cornélio chama Pedro para a sua casa através de dois empregados.    “Quando Pedro entra na sua casa, Cornélio se ajoelha e pede que batize toda a família e ele próprio. Ora, naquele tempo havia uma grande discriminação contra os pagãos. E nem todos aceitavam ir à casa de um pagão e muito menos conviver com ele. E Pedro vai quebrando as barreiras, senta na mesa e come com aquela família, batiza a todos, convive com  eles. Aceita que um pagão pode ser salvo por Jesus Cristo. O Espírito Santo desce e permanece na vida de um pagão. Quem vai em missão tem que, em primeiro lugar, converter-se, aceitar o outro. Levar uma palavra, mas antes de tudo, escutar o que o outro tem a dizer. Ele foi lá e escutou Cornélio, sentiu a sua necessidade, sentou com ele, permaneceu com a sua família”, voltou a ensinar Frei Evaristo aqueles que saem em missão.

“Então, nós, como comunidade em missão, somos convidados a evangelizar as famílias numa compreensão do mundo que temos hoje. Evangelizar nesse mundo da tecnologia, da informática, em que os mais novos dominam, mas os mais velhos patinam ainda. Nós somos chamados a evangelizar o mundo em constante mudança. Pedro aponta o caminho: o diálogo, para compreender e, juntos, caminhar em direção ao próprio Deus. Pedro nos ajuda a não cairmos na tentação de ficarmos num gueto, fechados no nosso mundinho, mas abrir-se para o outro na fé”, enfatizou o pregador, concluindo sua homilia com o pedido do Papa Francisco para que a nossa Comunidade de Igreja seja um santuário onde os sedentos tenham o que beber para continuar a caminhada e que o centro seja Jesus, que nos impulsiona para a missão”.

Frei Evaristo recordou durante a celebração que quando participou pela última vez da festa, ficou marcado para ele dois momentos em que participou da celebração: uma vez levando a prenda para a festa e outra vez carregando a galheta para o ofertório.

“Esta festa de São Pedro, essa preparação, é uma marca em nossa cidade do povo gasparense. Já se tentou fazer outras festas em nossa terra, mas a festa que o povo adere é de fato a festa de São Pedro. E todos que estão longe daqui se impressionam com os números dessa festa, das equipes que trabalham, da quantidade de pastéis, do leilão de gado e de tudo o que acontece nesta terra. Mesmo de longe, eu sempre acompanhei com muito carinho e atenção tudo que se passava aqui nesta festa, nesta Paróquia”, revelou Frei Evaristo.

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Neste segundo dia do Tríduo, nesta sexta-feira, Frei Evaristo vai refletir sobre o tema “A Igreja em saída”.

Imagens do Primeiro dia do Tríduo Preparatório para a Festa de São Pedro