Paróquia São Pedro Apóstolo - Gaspar, SC

Artigos e reflexões › 10/01/2020

Quer que a sua oração seja eficaz? Não se esqueça disto

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O verbo rezar adquiriu um significado mais restrito. De agora em diante, na maioria das vezes é sinónimo de pedir. É uma pena, porque muitas pessoas desconhecem que a sua vida espiritual poderia ser mais rica e profunda. Como podemos contribuir para que descubram as outras facetas da oração cristã? São numerosas: adoração, louvor, ação de graças, contemplação, escuta da Palavra de Deus, o simplesmente a presença de Deus. Além disso, isto falseia o relacionamento deles com o Senhor. São os eternos clientes de uma divindade especializada na proteção contra todos os riscos, na resolução universal de problemas, na solução de questões insolúveis, um bilhete vencedor cada vez que se joga. No final, eles só pensam em Deus quando as coisas correm mal. É melhor do que nunca pensar nele. Mas é uma pena. E que diria de um homem que, cada vez que encontra o seu amigo, lhe dissesse: “Será que não pode me dar um euro? »

Não é proibido pedir

“Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto.” (Mt 7,7). As parábolas evocam o pai que dá ao filho o que ele precisa, o amigo que responde à necessidade do amigo (Mateus 7:11; Lucas 11:5). Desta forma, podemos apresentar os nossos pedidos ao Senhor, com simplicidade e grande confiança.

Por outro lado, a oração não deve começar com a súplica. Seria mal-educado pedir a Deus que se interessasse por nós sem antes se interessar por Ele. Esta é a ordem de oração que o Pai Nosso nos ensina: “O teu nome, o teu reino, a tua vontade” vem antes “do nosso pão, do nosso perdão, da nossa proteção na tentação e da nossa libertação do mal”! É por isso que São Paulo insiste que a oração da petição seja envolvida por uma oração de louvor. Ele solicita aos fiéis: “sede vigilantes na oração, acompanhada de ações de graças” (Cl 4,2) e que “Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças.” (Fl 4,6). É assim que Jesus ora pela ressurreição de Lázaro: “Pai, rendo-te graças, porque me ouviste.” (Jo 11,41).

Aprender a pedir com fé e de uma forma justa

Quando formulamos uma intenção de oração, não é para informar Deus: ele sabe melhor do que nós quais são as nossas necessidades e as do mundo. Nem é para influenciar: não temos de defender a nossa causa, porque o Pai nos ama. A oração da petição não é para transformar Deus, mas para nos transformar. Ela nos permite abrirmos e abrir este mundo aos desejos de Deus e às suas graças. É por isso que Jesus nos convida a rezar “em seu nome” (e não “invocando seu nome”: esta tradução litúrgica que pretende explicar uma fórmula enigmática só a adoça). Em seu nome (Jo 16,23-24), isto é, no seu lugar, naquele lugar que é dele. Orar como ele fez, nele, como o verdadeiro Filho de Deus.

Então, pouco a pouco, a distância entre o que desejamos e o que Deus deseja, entre a sua vontade e a nossa, vai diminuindo. Então podemos pedir tudo, e a nossa oração é sempre respondida.

Esta purificação e aprofundamento da intercessão não se faz em cinco minutos. Demora tempo para que as nossas orações pagãs se tornem orações cristãs. Isto aparece nas parábolas que convidam à perseverança na súplica. A resposta é lenta, não porque a central telefónica do Céu esteja saturada, mas porque as chamadas da Terra ainda não são verdadeiras, puras, humildes, fortes o suficiente.

Padre Alain Bandelier

Retirado de Aleteia.