Não é proibido pedir
“Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto.” (Mt 7,7). As parábolas evocam o pai que dá ao filho o que ele precisa, o amigo que responde à necessidade do amigo (Mateus 7:11; Lucas 11:5). Desta forma, podemos apresentar os nossos pedidos ao Senhor, com simplicidade e grande confiança.
Por outro lado, a oração não deve começar com a súplica. Seria mal-educado pedir a Deus que se interessasse por nós sem antes se interessar por Ele. Esta é a ordem de oração que o Pai Nosso nos ensina: “O teu nome, o teu reino, a tua vontade” vem antes “do nosso pão, do nosso perdão, da nossa proteção na tentação e da nossa libertação do mal”! É por isso que São Paulo insiste que a oração da petição seja envolvida por uma oração de louvor. Ele solicita aos fiéis: “sede vigilantes na oração, acompanhada de ações de graças” (Cl 4,2) e que “Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças.” (Fl 4,6). É assim que Jesus ora pela ressurreição de Lázaro: “Pai, rendo-te graças, porque me ouviste.” (Jo 11,41).
Aprender a pedir com fé e de uma forma justa
Quando formulamos uma intenção de oração, não é para informar Deus: ele sabe melhor do que nós quais são as nossas necessidades e as do mundo. Nem é para influenciar: não temos de defender a nossa causa, porque o Pai nos ama. A oração da petição não é para transformar Deus, mas para nos transformar. Ela nos permite abrirmos e abrir este mundo aos desejos de Deus e às suas graças. É por isso que Jesus nos convida a rezar “em seu nome” (e não “invocando seu nome”: esta tradução litúrgica que pretende explicar uma fórmula enigmática só a adoça). Em seu nome (Jo 16,23-24), isto é, no seu lugar, naquele lugar que é dele. Orar como ele fez, nele, como o verdadeiro Filho de Deus.
Então, pouco a pouco, a distância entre o que desejamos e o que Deus deseja, entre a sua vontade e a nossa, vai diminuindo. Então podemos pedir tudo, e a nossa oração é sempre respondida.
Esta purificação e aprofundamento da intercessão não se faz em cinco minutos. Demora tempo para que as nossas orações pagãs se tornem orações cristãs. Isto aparece nas parábolas que convidam à perseverança na súplica. A resposta é lenta, não porque a central telefónica do Céu esteja saturada, mas porque as chamadas da Terra ainda não são verdadeiras, puras, humildes, fortes o suficiente.
Padre Alain Bandelier