Quem cuida demais da própria vida, a perde, adverte Papa
“Para todos, a vida é uma contínua chamada a sair: do ventre da mãe, da casa onde se nasceu, da infância para a juventude…”
O Santo Padre presidiu na manhã deste sábado (03/11), na Basílica vaticana, a uma celebração Eucarística em sufrágio dos 154 Cardeais, Arcebispos e Bispos, que faleceram de outubro de 2017 a outubro de 2018. Somente no Brasil, faleceram 12 Bispos e 4 Arcebispos.
Em sua homilia, o Papa refletiu sobre a parábola evangélica das dez virgens que “saíram ao encontro do noivo”, dizendo:
“Para todos, a vida é uma contínua chamada a sair: do ventre da mãe, da casa onde se nasceu, da infância para a juventude, da juventude para a idade adulta e até a saída deste mundo. Também para os ministros do Evangelho: sair da casa dos pais e ir para onde a Igreja os envia, de um serviço para o outro; estamos sempre de passagem, até à passagem final”.
O Evangelho lembra-nos o sentido desta contínua saída: vida, ir ao encontro do noivo. O objetivo da nossa vida é seguir o anúncio, que acolhemos no momento da morte: “Eis que vem o noivo, ide ao seu encontro!”. Este é o sentido e orientação da nossa vida: o encontro com Jesus, que amou a sua Igreja e se entregou por ela. Logo, nossa vida é uma saída para crescer no amor. E Francisco acrescentou:
“Viver é uma preparação diária para as núpcias, um grande namoro. Vivo como alguém que se prepara para o encontro com o noivo? No nosso ministério não devemos esquecer o fio da meada: a expetativa do encontro com o noivo, um encontro de amor. Só assim o corpo visível do nosso ministério será sustentado por uma alma invisível”.
Aqui, o Papa citou o apóstolo São Paulo, que diz: “Não olhamos para as coisas visíveis, mas para as invisíveis, porque as visíveis são passageiras, ao passo que as invisíveis são eternas”. Devemos olhar para além, não para as coisas terrenas, disse Francisco: “O essencial é invisível aos olhos”; é escutar a voz do noivo em vista nas núpcias com Ele.
“Diante do Senhor, não contam as aparências, conta o coração. O que o mundo procura e ostenta, como as honras, poder, aparências e glória, passa, sem deixar qualquer vestígio. É preciso afastar-se das aparências mundanas e se preparar para o Céu. É preciso dizer não à ‘cultura da maquilhagem’, que cuida apenas das aparências.”
Além das aparências mundanas, o Papa citou um segundo aspecto, referindo-se ao óleo, que mantem acesa a chama das lamparinas das dez Virgens: queimando ilumina, irradia luz, se consome. Logo, o segredo da vida é viver para servir.
“O sentido da existência é responder à proposta de amor de Deus, que passa através do amor verdadeiro, do dom de si mesmo, do serviço. Servir custa, porque significa gastar-se, consumir-se; mas, no nosso ministério, quem não vive para servir, não serve para viver. Quem cuida demais da própria vida, a perde”.
Por fim, além das aparências e do serviço do ministro de Deus, Francisco falou de uma terceira caraterística do óleo: a preparação. O óleo deve ser preparado em tempo e levado conosco. O amor pode ser espontâneo, mas não se improvisa. Por causa da falta desta preparação, as Virgens insensatas não participaram das núpcias. E o Papa concluiu:
“Agora é o tempo da preparação: no momento presente, no dia a dia devemos alimentar o amor. Peçamos a graça de renovar, cada dia, o nosso amor primordial pelo Senhor, que não se deve apagar. Os chamados às núpcias com Deus não podem ter uma vida sedentária, amorfa, efêmera, desleixada, rotineira, mas uma vida plena para doá-la aos irmãos”.
(Vatican News) via Aleteia.