“Eu estou preocupado com você…”
Essa foi uma das respostas que recebi a um artigo recente. Esse tipo de alma fiel, com um generoso espírito de intercessão orante, escreveu:
“Rezo por você, padre. Eu sei que não é um momento fácil na Igreja (é ainda pior do lado de fora!) Comecei a ler uma publicação católica cujo objetivo era denunciar abusos na igreja. Três anos depois, cancelei a assinatura, decidindo que preferiria gastar meu tempo de leitura nas Escrituras, no Catecismo e na vida dos santos. Não que eu tenha escolhido deixar de lado o estado atual das coisas, mas preciso reequilibrar minha vida espiritual.
O que estou tentando dizer é que estou preocupado com você. Se o seu foco é a escuridão da Igreja (inescapável em sua linha de trabalho), você perde a visão da luz.
Deus Reina.”
Sou grato àqueles que rezam diariamente por mim e por toda a Igreja. Eles ajudam almas fracas como eu a lutar a cada dia.
Outro leitor enviou-me a seguinte mensagem:
“Se julgarmos pelos jornais, parece que o cristianismo é um fracasso. Isso depois de 2.000 anos de cristianismo! Certamente parece um fracasso. Como era quando Cristo estava no sepulcro? Cristo alegou ser a vida do mundo – Ele estava morto. Ele havia prometido a Seu povo um Reino, mas ele fora crucificado. Ele alegara ser rei, mas foi coroado de espinhos. Apenas um punhado de homens tinha mantido a fé nEle, mas depois fugiram. Ele foi despido, ridicularizado, Ele morreu sem nada próprio, até mesmo seu túmulo era emprestado. Certamente parecia que Cristo era um fracasso. Naquela época, a fé do mundo inteiro manteve-se viva por algumas mulheres dedicadas. Até mesmo os apóstolos duvidaram quando elas lhes disseram (o que eles deveriam saber) que Cristo tinha cumprido Sua palavra.
Aquelas mulheres acreditavam porque tinham a fé que descobre através do amor. Elas nunca quiseram qualquer triunfo terreno para Cristo, nunca esperaram isso. Elas acreditavam em Cristo, no homem pobre, no homem abandonado, no homem crucificado. Se elas não pudessem ver Cristo após todas as Suas humilhações e marcas, elas não procurariam consolo. Mas elas vieram, perguntando quem iria reverter a pedra, para encontrá-la já removida, e Cristo vivo, com as feridas que o nosso pecado havia infligido n’Ele resplandecendo como estrelas em seu corpo ressuscitado.
Hoje é na Igreja Católica que a fé na ressurreição é mantida viva. Muitas vezes, também hoje, uma senhora piedosa é a guardiã da fé da Igreja, fé que é alimentada pelo amor íntimo e pessoal pelo Cristo sofredor – o amor muito terno que busca por Cristo, crucificado no homem.
Essa fé da ressurreição, enraizada no amor, é muito diferente do favorecimento e das manipulações impostas por aqueles que buscam moldar a Igreja às modas atuais, em vez de trazer o mundo à conformidade com Cristo por meio da única Igreja que Ele fundou. As modas e ideologias de hoje, desconhecidas alguns anos atrás, parecem tão urgentes e definitivas, mas certamente serão substituídas amanhã por novos entusiasmos – essas aspirações mundanas, como todos os ídolos, devem nos desapontar e, pior ainda, nos afastar da Deus vivo.
Seremos odiados por um mundo em rebelião contra Deus, porque o mundo primeiro odiou o Cristo de Deus. (João 15 18) Os Apóstolos regozijaram-se quando descobriram que haviam sido julgados dignos de sofrer pelo nome de Jesus. (Atos 5, 41)
Nosso Senhor é fiel. Nosso Senhor não vai e não pode nos abandonar. Ele provê liberdade para pedir (mas nós pedimos?) a graça necessária para perseverar fielmente até o fim. Ao longo do caminho, Ele nos promete paz e alegria que o mundo não pode dar e que o mundo não pode tirar.
Sim, nesta vida há uma tempestade contra os discípulos de Cristo – como sempre. Vamos manter nossos olhos fixos não na tempestade, mas n’Aquele que já derrotou o pecado e a morte.
*Texto de Michael Rennier, para Aleteia.