Paróquia São Pedro Apóstolo - Gaspar, SC

Notícias › 31/08/2018

Meta do cristão é eliminar sinais de idolatria

Frei Gustavo Medella

“Pois, qual é a grande nação cujos deuses lhe são tão próximos, como o Senhor nosso Deus, sempre que o invocamos?” (Dt 4,7). O Pai apresentado por Jesus Cristo é Deus que caminha junto a seus filhos e filhas. Uma proximidade cheia de cuidado, empatia e compaixão. Em Cristo, o Senhor experimenta a dor e a luta dos seus e, solidário, empreende todos os esforços para salvá-los, para trazê-los de volta à vida, para guardá-los em sua dignidade inviolável. Encarna-se num amor absoluto capaz de transpor todas as barreiras para chegar ao profundo do coração humano. Este é o modo de ser do verdadeiro Deus.

O ídolo, biblicamente apontado como o deus falso, o deus da morte, não tem nenhum comprometimento com aqueles que o idolatram. Quando se aproxima, é apenas para manter-se no estado de dominação e superioridade que conquistou à custa do suor e do sangue de muitos. E a idolatria mais presente e destrutiva no mundo atual – arriscaria mencionar – é a que se põe a idolatrar o deus-dinheiro, onipresente na divindade denominada “mercado”, portadora de uma lógica numericamente fundamentada mas humanamente devastadora. Seus sacerdotes, a serviço do interesse daqueles que possuem milhões de vezes mais do que necessitam para viver, criam raciocínios tão sofisticados que iludem até mesmo os que são explorados e aviltados em seus direitos a fim de manter intactos os privilégios da alta cúpula consagrada a este deus.

Suas armadilhas são tão sutis e bem disfarçadas que arrancam aplausos daqueles que entram no pacto na hora de fazer o bolo crescer, mas são esquecidos no momento de repartir a massa inchada e disforme de um sistema que reiteradamente se mostra injusto e assassino. E mata mesmo!

1) Mata quando monetariza as relações em torno de serviços básicos como a educação, a saúde e a segurança, deixando entregue à própria sorte quem não teve a sorte de juntar grana suficiente para ter acesso ao que lhe é de direito.

2) Mata quando aprisiona e castiga pobres e carentes e deixa livre os grandes assaltantes dons bens públicos que podem pagar os melhores advogados.

3) Mata quando adota um discurso pautado na força e na violência para resolver problemas que têm em sua gênese o escândalo da injustiça social.

4) Mata quando vira as costas para crianças e jovens da periferia que desde muito cedo aprendem a lidar com muitos NÃOS em relação às suas necessidades fundamentais.

No Evangelho, Jesus instrui os seus discípulos a romperem com a hipocrisia de achar que a solução dos problemas humanos passa por um combate ingênuo e superficial entre quem é do bem e quem é do mal. A questão é muito mais profunda e deve começar numa conversão pessoal que nasce das entranhas de cada um a vencer, primeiro em si, todas as tentações a que os ídolos convocam os seus adoradores (confira a lista destas tentações em Mc 7,21-22). O desejo e a meta do cristão é converter-se ao Deus da Vida, mantendo bem longe de si qualquer vestígio ou sinal de idolatria, especialmente ao deus-dinheiro.

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