Conheça Santa Maria dos Anjos
A Basílica de Santa Maria dos Anjos é uma igreja situada na planície que se estende aos pés da colina de Assis. Ela foi construída no estilo maneirista, que é típico da Itália do século XVI, caracterizado pela plasticidade das figuras exageradas, com posturas quase sempre forçadas, utilizando-se das cores de modo arbitrário e tratando os espaços de maneira irreal, criando, com frequência, efeitos dramáticos. Sua construção durou 110 anos, foi de 1569 a 1679, abrigando ainda uma pequena igrejinha do século IX, a Porciúncula, o lugar mais sagrado para os franciscanos, por ter sido esse o local preferido de oração do Santo, e porque foi nessa pequena capela que São Francisco passou à casa do Pai, em 1226.
No ano de 1832, parte da Basílica foi destruída por um terremoto. Quatro anos depois, as reconstruções começaram, ficando pronta novamente em 1840, ganhando uma nova fachada, agora em estilo neoclássico. Mais tarde, entre 1924 e 1930, a fachada ganhou de novo seu estilo original através das mãos de Cesare Bazzani. A estátua banhada a ouro representando a Nossa Senhora dos Anjos que coroa essa fachada foi posta ali em 1930, obra do escultor Colasanti.
Em 1909, o Papa Pio X elevou a sétima maior igreja cristã do mundo ao status de Basílica Patriarcal e Capela Papal. Sua construção tem uma base retangular, divida em uma nave central e duas laterais, circundada por dez capelas. No fundo, o transepto e o longo coro em forma semicircular.
O interior é simples e elegante, com pouca decoração, contrastando com as capelas laterais, neoclássicas. Aqui o estilo é gótico, o coro construído em madeira, acompanhando o altar e a cátedra reservados para o Papa.
As capelas laterais exibem afrescos de grandes artistas de diferentes períodos, como Antonio Circignani, Francesco Appiani e Ventura Salimbeni. Outro belo afresco, logo acima da entrada, de autoria de Johann Friedrich Overbeck, representa a cena de São Francisco recebendo de Cristo e da Virgem a indulgência, conhecida como “Perdão de Assis”.
Os afrescos do interior – que é gótico – datam dos séculos XIV e XV. Imperdível a “Crucificação”, de Pietro Perugino. E por falar em imperdível, vamos ao Jardim das Rosas.
Lá se chega pela sacristia. É a última porção do antigo campo onde São Francisco e seus seguidores viveram. Lá ele falava com as pombas, convidando-as a rezar para o Senhor, imagem perpetrada por uma estátua de São Francisco com uma pomba na mão, que completa o jardim.
De acordo com a tradição, uma noite, São Francisco, sentindo-se tentado a abandonar o seu caminho, jogou-se sobre as roseiras, numa tentativa de espantar a dúvida e a tentação. Ao tocar a pele do Santo, as rosas teriam perdido seus espinhos. Desde então, rosas sem espinhos são cultivadas nesse jardim. Quase se pode sentir o perfume dessas rosas e o frescor dos ventos que sopram por lá.
E embalados por essa atmosfera que nos convida ao transcendente, entremos então na Capela das Rosas. Foi aqui, onde hoje está construída a capela, que São Francisco teria passado o resto daquela noite em oração. Aqui ele também encontrou-se com Santo Antônio. A capela de hoje foi construída no século XIII, aumentada no século XV e decorada no século XVI com uma série de afrescos, representando a antiga comunidade franciscana e os primeiros Santos da Ordem, o milagre das rosas e a concessão da indulgência.