Paróquia São Pedro Apóstolo - Gaspar, SC

Notícias › 01/07/2016

Leonor pede uma ‘Paróquia em saída’

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Moacir Beggo

Gaspar (SC) – Entre as pessoas voluntárias, que se doam com afinco para o sucesso da Festa de São Pedro Apóstolo de Gaspar, Leonor Darós repete os passos de sua mãe, que trabalhou ‘até envelhecer’ na barraca de pastéis da festa. A alegria e vivacidade de Leonor não se limitam aos trabalhos da festa, mas estão presentes o ano inteiro nas atividades como primeira secretária do Conselho Pastoral Comunitário da Matriz (CPC), no trabalho da Pastoral do Dízimo, na coordenação da Liturgia, e no trabalho de Serva de Maria vendendo velas para a novena de Nossa Senhora Desatadora dos Nós.

Ela não é a única, os exemplos de paroquianos que fazem de sua vida uma doação são muitos. Ou melhor, só um ‘exército de voluntários’ dá conta de realizar uma Festa gigante, mantendo o selo de qualidade em tudo. Para se ter uma ideia, a Vigilância Sanitária pediu que os trabalhadores da festa fizessem um curso de manipulação de alimentos para a festa. Cerca de 200 pessoas se apresentaram. Pelo menos outras 200 pessoas, que não manipulam alimentos, trabalham em outros setores, como nas bebidas. Só no domingo, dia 3, três equipes de 20 pessoas vão se revezar para atender todos os pedidos.

Mãe de três filhos, Leonor cresceu na Igreja e se casou com um ex-seminarista, Gilberto, que durante anos participou da Banda São Pedro e agora é voluntário também na festa. Para ela, a doação de uma parte do tempo à Festa já é uma tradição de pai para filho. “Lembro de meu pai que vinha espremer limão para o churrasco. Ele fez isso até morrer em 97. Minha mãe envelheceu na barraca de pastéis”, conta, admitindo que a nova geração não se envolve tanto com os trabalhos da Igreja, mas ela se tranquiliza porque justamente essa tradição vai garantir a continuidade.

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Leonor na liturgia (na primeira foto) e nesta vendendo velas ao lado da igreja. 

“Para nós que temos esse envolvimento com a Igreja, é uma satisfação e alegria. A gente defende a Igreja Católica com unhas e dentes”, enfatiza Leonor, que na Pastoral do Dízimo faz um trabalho de conscientização de que todo o patrimônio da Paróquia é da comunidade. “Há pessoas que dizem: ‘não vou dar mais dinheiro para a Igreja’, ou ‘esse padre só sabe pedir dinheiro’. Eu lembro a elas que se não ajudarem, esse patrimônio todo que construímos vai virar ruína. Eu gosto de citar o exemplo de Frei Germano (o pároco anterior), que foi embora apenas com seus pertences pessoais”, enfatiza.

Para Leonor, a preocupação com o patrimônio é necessária, mas alerta que os cristãos católicos não podem ficar numa zona de conforto achando que isso basta. “Como católica, conhecendo um pouco de outras confissões religiosas, penso que precisamos ir mais além. Conseguimos reunir um exército para a Festa de São Pedro mas não reunimos 20 pessoas para reconstruir a casa de um católico que pegou fogo. Acho que no social fazemos pouco. Porque não basta só dar uma roupa como faz bem a Associação Vicentina ou dar um prato de comida, como faz todos os dias a Igreja. Unidos, juntos, a gente pode mais. No princípio do cristianismo, como nos mostra o Atos dos Apóstolos, tudo era colocado em comum e não faltava nada para ninguém. A gente precisa nos reunir não só para a festa de São Pedro, mas para outras frentes de evangelização”, observa.

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Leonor o seu esposo Gilberto, trabalho na equipe que prepara os pastéis

“Tenho certeza que esse é o sentido que o Papa Francisco está pedindo quando diz ‘Igreja em saída’. Precisamos, sim, manter esse patrimônio, que é a soma dos esforços e união da comunidade paroquial. Mas não dá para ficar só nesse patrimônio de pedra. É preciso não esquecer do patrimônio do Evangelho de Cristo. Eu vejo que precisa dar de comer a quem tem fome, de vestir a quem está nu, mas a gente precisa ir além disso. Nós nunca vamos acabar com a pobreza, isso é verdade, mas nós precisamos dessa partilha para tornar o sofrimento do outro um pouco menor”, acredita. Isso é Paróquia em saída.

Essa alegria e confraternização da festa, segundo Leonor, precisa contagiar outros espaços da sociedade. “Isso não tem dinheiro que pague. Na festa, nós encontramos pessoas que não víamos há muitos anos. Pessoas que já não moram aqui e pessoas que não têm o hábito de ir à Missa, mas gostam dessa confraternização”, completa. Leonor saiu mais cedo dos pastéis na quarta-feira, porque, religiosamente nesse dia, ela vende velas para a novena Nossa Senhora Desatadora dos Nós.