Frei Medella fala da fé no segundo dia do Tríduo
No segundo dia do Tríduo da Festa de São Pedro Apóstolo, da Paróquia de Gaspar (SC), Frei Gustavo Medella refletiu sobre o tema: “Pedro, pedra fundamental, nos chama à fé”
Hoje, nós vamos conversar um pouco sobre engenharia. Desde já, peço perdão porque tenho muito pouco conhecimento nesta área! Só não digo que não tenho nenhum porque acho que, por menos que saibamos, sempre sabemos alguma coisa, nem que seja o mínimo.
Na Carta aos Efésios, São Paulo nos garante que fomos integrados ao edifício que tem como fundamento os Apóstolos e Profetas. Ou seja, somos pedras vivas depositadas sobre este imenso edifício de história e tradição que é a nossa Igreja. Cristo é a Pedra Principal, nos diz São Paulo. E a partir dele o edifício se constrói. É a obra da Igreja, que ainda não está concluída…
Não se diz por aí que obra de Igreja nunca termina? Pois é a mais pura verdade verdadeira! Primeiro porque o próprio Deus é Infinito… E depois porque cada dia novos cristãos nascem pelo batismo dando prosseguimento a esta desafiante, porém bela, construção. Sobre Cristo estão fundamentados os Apóstolos, Profetas e cada um de nós!
No Evangelho, São Pedro não se furta em afirmar que Jesus Cristo é o Ungido de Deus. E é sobre esta Profissão de Fé que Cristo fundamenta sua obra de difusão e implantação do Reino de Deus: “Tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la”. A fé corajosa que Pedro manifestou é a fé à qual todos nós somos chamados. Mesmo pedras tão diferentes, Deus nos une pelo dom da Fé, que é o cimento, a argamassa que nos permite caminhar unidos, apesar de termos culturas, modos de pensar, histórias e até mesmo características físicas tão diferentes. Todos somos convidados a acreditar da mesma forma que Pedro acreditou. Queremos olhar para Jesus e perceber nele a Presença viva e atuante do Ungido de Deus, da Luz do Alto que veio iluminar o sentido de nossas vidas.
Estamos em pleno ano da Fé, que o Papa Emérito Bento XVI promulgou no ano passado, no dia 11 de outubro de 2012, por ocasião dos 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II e dos 20 anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica. Ele vai até o dia 24 de novembro deste ano, quando celebramos a Solenidade de Cristo Rei.
Como cristãos batizados e comprometidos, também precisamos assumir o compromisso de nos aprofundar na fé e este é um grande desafio que se apresenta a nós enquanto Igreja: na caminhada, evoluímos em muitos aspectos: no emocional, no profissional, familiar, financeiro.
Crescemos, nos tornamos melhores, nos aprimoramos. No entanto, no que diz respeito à vida de fé, temos forte tendência em permanecer acomodados, sem buscar leitura, estudo, discussão, aprofundamento. Às vezes corremos o risco de ficar estagnados nos conhecimentos que adquirimos na Catequese que, à época foram fundamentais, mas que também precisariam caminhar num processo de avanço e evolução.
Graças a Deus, hoje temos muitos meios onde buscar este aprimoramento: são cursos, encontros, trabalhos em grupo que nos levam a refletir e a buscar conhecer melhor a Palavra de Deus, os ensinamentos da Igreja e perceber todos os desafios que o mundo contemporâneo apresenta à nossa vida de fé e ao compromisso cristão. Em especial às gerações mais jovens, a internet é uma grande riqueza, pois na rede mundial de computadores nós podemos ter acesso à Bíblia, aos documentos da Igreja, aos escritos de gente empenhada em compreender melhor as verdades da fé e a transmiti-las de modo atual e encarnado para o mundo de hoje. Os instrumentos estão à disposição: precisamos nos aproximar mais deles.
A transmissão e o cultivo da fé são, sem dúvida, duas grandes atribuições dos ministros da Igreja, ou seja, dos padres, bispos e diáconos. Mas de forma alguma podemos imaginar que a responsabilidade seja única e exclusivamente deles. A Igreja, como vimos, somos todos nós… Todos somos pedras vivas deste edifício fundado sobre o Cristo, Filho do Deus vivo.
Ler, estudar, debater os assuntos da fé são formas que temos para nos tornarmos adultos também em nossa vida espiritual, para percebermos de maneira viva em nosso dia a dia o quanto Deus nos quer a seu lado. Mesmo com a correria da vida, conseguimos arrumar tempo para tantas coisas importantes e que são de nosso interesse. Dentre elas, que a vida de fé, a caminhada na Igreja, estejam em primeiro lugar.
Outro modo importante de vivermos a fé é pela experiência, ou seja, a fé que vivemos com o coração. Se nos livros, nos debates, nas aulas e nos encontros nós caminhamos em direção à fé pela inteligência, pela experiência nós a buscamos com o coração. O acolhimento humilde da fé significa saber-se amado por Deus e, caminhando neste amor, saber amar a Deus e ao próximo.
A fé a que São Pedro nos convida passa pela razão e pelo coração. É fruto de uma determinação decidida pelo seguimento de Jesus Cristo. É a fé que anda de mãos dadas com o amor: quanto mais amamos, mais conhecemos e, quanto mais conhecemos, mais amamos. Que São Pedro, pedra fundamental que nos chama à fé, interceda por nós junto a Deus, a fim de que possamos sempre caminhar em direção a uma fé madura, firme e comprometida.