Frei João encerra Tríduo com uma aula sobre comunidade
Moacir Beggo
Gaspar (SC) – No encerramento do Tríduo para a Festa de São Pedro Apóstolo em Gaspar, o pregador Frei João Reinert deu uma aula sobre comunidade e paróquia ao refletir sobre o tema proposto para este dia: “Comunidade de Comunidades: Lugar do exercício da misericórdia, na unidade e na diversidade”.
O tema caiu como uma luva para a Festa. Frei João usou exemplos próximos das pessoas para explicar em detalhes o que é comunidade, paróquia e comunidade de comunidades. Ressaltou que a diversidade na comunidade não é uma via de mão dupla, mas é possível e enriquece a comunidade. A diversidade está na Santíssima Trindade e mesmo assim não interfere na unidade. Pedro e Paulo são as bases da Igreja, mas não são nenhum pouco parecidos.
Frei João teve como concelebrante Frei José Bertoldi, que até o início do ano residia nesta Fraternidade de Gaspar.
Depois da comunhão, Frei João chamou os representantes das pastorais, movimentos e comunidades que ajudaram na liturgia do dia. Para ele, um exemplo vivo de comunidade. A noite festiva terminou com uma grande queima de fogos de artifício.
ACOMPANHE NA ÍNTEGRA A HOMILIA DE FREI JOÃO
Somos convidados a fazer uma reflexão do que é ser uma comunidade. O cristianismo nasceu sendo uma unidade. Uma das primeiras coisas que Jesus fez ao começar sua missão foi convidar amigos, discípulos para formar um grupo, formar uma comunidade. O nosso Deus desde sempre é comunidade. O nosso Deus não é um Deus isolado. Temos um só Deus que é três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Talvez um dos nomes que melhor define como é Deus, quem é Deus, é a palavra comunidade.
O nosso Deus é Pai, tem um Filho na força do Espírito Santo. O Filho que se chama Jesus Cristo. Ao mesmo tempo, a comunidade santa nos ajuda entender que a comunidade é por excelência um lugar da diversidade. Nós não somos todos iguais. Cada um tem um jeito, uma personalidade, um pensamento. Também Deus é assim. O Pai é diferente do Filho. O Espírito Santo é diferente do Pai. Ao mesmo tempo formam a perfeita comunidade. É uma comunidade tão unida e ao mesmo tempo tão diversa, tão diferente. Ser paróquia, ser unidade na diversidade.
Quando ouvimos a palavra paróquia, o que vem em nossa mente? Talvez a igreja matriz, a secretaria paroquial, a igreja maior que podemos ter. Só que a reflexão pastoral atualmente vai dar uma definição muito mais profunda de paróquia. Ela vai dizer que paróquia é comunidade de comunidades. É a união de todas as nossas comunidades que, juntas, formam uma só Igreja. É a união de todas as pastorais que, juntas, formam um só serviço. Comunidade de comunidades. Então, temos só uma Igreja. Apesar de todas as comunidades, comunidade de comunidades, o que nos une é Jesus Cristo.
Talvez a imagem da rede de São Pedro nos ajude a entender como que a paróquia é essa rede de comunidades. Vejam a importância de cada fio, de cada gomo como se fosse uma comunidade, como se fosse uma pastoral, uma espiritualidade e, juntas, formam uma única rede na Igreja. Quando um fio arrebenta, quando um fio se isola, compromete o todo. A própria paróquia se compromete quando uma comunidade fica isolada, quando uma pastoral fica isolada. Apesar de sermos diferentes, somos uma só rede, uma só Igreja. Comunidade de Comunidades.
E a palavra comunidade lembra pessoa, relacionamentos, amizade, afeto, calor humano. Então a Igreja, ao se definir como comunidade, está dizendo que o maior patrimônio que nós temos na Igreja é a pessoa, a relação.
Todos os prédios, construções, tudo aquilo que temos de físico, de material em nossa paróquia só tem sentido a partir do momento que nos ajuda sermos mais comunidades.
Todos os centros pastorais, todos galpões para a festa, a parte física está a serviço do ser comunidade, do relacionamento, da amizade, do afeto.
O maior patrimônio que existe na Igreja é a pessoa. E ao mesmo tempo Jesus Cristo. Veja, Jesus fundou a Igreja sobre uma pedra, mas essa pedra é pessoa: Pedro. Então, Jesus funda a sua Igreja sobre pessoas, sobre comunidade, sobre relacionamento, sobre amizade. É como se ele falasse para nós hoje: a Igreja de São Pedro Apóstolo de Gaspar está fundada sobre Antônio, José, Carlos…, ou seja, ela está fundada sobre pedras, que somos nós. Somos pessoas, somos comunidades. O maior patrimônio é a pessoa, é o relacionamento, a nossa amizade. Por isso, Comunidade de Comunidades, esse tema bem importante de hoje.
Comunidade na adversidade
Imaginemos que numa paróquia houvesse apenas a pastoral do batismo, apenas uma pastoral, apenas uma comunidade. A diversidade não existiria. Ser diferente não é um empecilho para sermos unidos, pelo contrário. Está na diversidade a possibilidade de sermos unidos. Vejamos São Pedro e São Paulo, com personalidades diferentes. São Pedro é o homem da organização, da instituição. São Paulo é o homem da missão. A diversidade está presente nos dois apóstolos. Então, Deus funda sua Igreja na diversidade. A diversidade de sermos diferentes mas unidos é a condição para que haja de fato uma comunidade. A diversidade é sólida, não compromete a unidade.
São Paulo e São Pedro, dois apóstolos diversos, no entanto Deus funda sobre eles a Igreja. E veja como nós enriquecemos nossa comunidade, nossa Paróquia. Cada um do seu jeito, cada um com sua cultura, qualidade, cada um reza do seu jeito. Essa diversidade enriquece a comunidade. Talvez o mesmo podemos falar dos freis que por aqui passam. Cada frei deixa sua marca e tem um jeito de ser. E veja como a diversidade enriquece a cada um de nós. Sermos unidos, sermos uma só paróquia, juntos na diversidade.
Comunidade ser humano é a maior patrimônio que pode haver na comunidade. Talvez um exemplo máximo estamos presenciando nesses dias na Festa de São Pedro. Quantas pessoas envolvidas na festa, na liturgia! Cada dia um grupo de comunidade está preparando a liturgia. Quantas pessoas envolvidas nos serviços, nas barracas! Isso é ser comunidade. Então, a Festa de São Pedro, mais do que uma festa externa, é a expressão de que a Paróquia de São Pedro é comunidade, é Comunidade de Comunidades. Juntas, cada uma do seu jeito, forma essa grande rede que se chama Paróquia.
E qual é a nossa principal missão na Comunidade? Talvez nós não temos muitas coisas na comunidade. Existe comunidade com mais bens, outras com menos, mas qual é o bem maior que nós temos para oferecer a todos? Quem responde é São Pedro hoje: “Ouro e prata eu não tenho, mas em nome de Jesus, levanta e anda!”. Então, qual o tesouro que nossas comunidades podem ofertar para as pessoas? Jesus Cristo.
Jesus é o centro da paróquia e ao mesmo tempo é o patrimônio que podemos oferecer. Quem se aproxima de nós, quem se aproxima da comunidade, ao entrar numa comunidade precisa sentir duas coisas: o relacionamento, a nossa amizade e, ao mesmo tempo, sentir a presença de Jesus. São os dois bens maiores que nós ofertamos a quem se aproxima. A nossa amizade, a nossa acolhida, a nossa convivência, para que a pessoa tenha prazer de estar na Igreja, tenha prazer de se sentir comunidade e ao mesmo tempo sentir que Jesus está presente entre nós. Nós não estamos na comunidade para oferecer o nosso próprio nome. O nosso presente que podemos dar a alguém é o que São Pedro fala hoje: Ouro e Prata não tenho, mas o que tenho é Jesus Cristo. Isso basta!
NESTE SÁBADO, O SHOW DOS FOGOS DE ARTÍFICIO