Ir em missão pelo mundo
São Francisco exortava a seus frades que queriam ir em missão pelo mundo, que havia dois modos de pregar o Evangelho e dar testemunho de Cristo:
“UM MODO É QUE NÃO LITIGUEM NEM PORFIEM, MAS SEJAM SUBMISSOS A TODA CRIATURA HUMANA POR CAUSA DE DEUS (1PD 2,13) E CONFESSEM QUE SÃO CRISTÃOS. OUTRO MODO É QUE, QUANDO VIREM QUE AGRADA A DEUS, ANUNCIEM A PALAVRA DE DEUS PARA QUE CREIAM EM DEUS ONIPOTENTE, PAI, FILHO E ESPÍRITO SANTO (CF. MT 28,19), CRIADOR DE TODAS AS COISAS, NO FILHO REDENTOR E SALVADOR, E PARA QUE SEJAM BATIZADOS E SE TORNEM CRISTÃOS…” (RNB XVI, 6).
Quando os frades chegaram em Gaspar, já encontraram uma comunidade de fé, frutuosa, testemunhando o amor comunitário dos filhos de Deus. Nem por isso o testemunho próprio devia arrefecer. Nem por isso seria apropriado fechar os olhos ao que de fato agradava a Deus, e negligenciar o anúncio da Palavra. E desde então, foram muitos anos de pregação, de conversão pessoal e de esforço para testemunhar esse Cristo que a todos nós chama e incentiva ao trabalho.
Todavia, o anúncio, a pregação, o testemunho do Evangelho deve ser uma resposta, quiçá concreta, à realidade que interpela. Um contexto estrangeiro, de minoria cristã, exige uma pregação discreta, exige a plasticidade do testemunho cortês como principal evangelização. Uma comunidade cristã, tradicional, de vida de fé consolidada, necessita de incentivos mais explícitos para o progresso – e não retrocesso – de sua já vida de fé. E uma sociedade cada vez mais plural, cada vez menos estática e sempre em renovação pede novos meios de anúncio evangélico.
Essa página é uma resposta a esse anseio. Resposta talvez até já tardia, mas ainda eloquente. Resposta seguindo o mesmo conselho de nosso Pai São Francisco, de já 800 anos… Outro modo é que quando virem que agrada a Deus, quando perceberem que a situação o pede, quando vislumbrarem a oportunidade surgir, anunciem a Palavra de Deus, para que creiam em Deus onipotente, para que creiam nesse Deus que ama a todos e a todos se revela…
Nosso Papa, Bento XVI, por ocasião do XLV dia Mundial da Comunicação Social, escreve: “As novas tecnologias permitem que as pessoas se encontrem para além dos confins do espaço e das próprias culturas, inaugurando deste modo todo um novo mundo de potenciais amizades. Esta é uma grande oportunidade, mas exige também uma maior atenção e uma tomada de consciência quanto aos possíveis riscos. Quem é o meu «próximo» neste novo mundo? Existe o perigo de estar menos presente a quantos encontramos na nossa vida diária? Existe o risco de estarmos mais distraídos, porque a nossa atenção é fragmentada e absorvida por um mundo «diferente» daquele onde vivemos? Temos tempo para refletir criticamente sobre as nossas opções e alimentar relações humanas que sejam verdadeiramente profundas e duradouras? […] Em última análise, a verdade que é Cristo constitui a resposta plena e autêntica àquele desejo humano de relação, comunhão e sentido que sobressai inclusivamente na participação maciça nos vários social network. Os crentes, testemunhando as suas convicções mais profundas, prestam uma preciosa contribuição para que a web não se torne um instrumento que reduza as pessoas a categorias, que procure manipulá-las emotivamente ou que permita aos poderosos monopolizar a opinião alheia. Pelo contrário, os crentes encorajam todos a manterem vivas as eternas questões do homem, que testemunham o seu desejo de transcendência e o anseio por formas de vida autêntica, digna de ser vivida”.
Queremos ser sinal positivo nesse anseio que surge, apresentando o Cristo, em todas as linguagens possíveis, como resposta que é para a realidade humana. É nisso que crê a Igreja, o Frade Menor e todo cristão. É disto que queremos dar testemunho e apregoar aos quatro ventos. A mensagem do Evangelho não encontra barreiras ou limites, e é nossa missão levá-la a todo lugar.
Frei Germano Guesser, ofm
Pároco