Por que agradecer a Deus quando se escapa de um mal que Ele mesmo permitiu?
Para muita gente, inclusive crentes, soa oportunista mencionar a Deus como Salvador e Merecedor de agradecimentos quando alguém se salva de uma tragédia.
Cabe, de fato, um válido e honesto questionamento: se Deus queria essa pessoa sã e salva, por que permitiu que ela corresse o perigo?
Esta é uma reflexão de natureza filosófica dentre as mais ricas da longa história do pensamento humano, mas, basicamente, as respostas se emolduram quase todas na mesma perspectiva: a da liberdade dos seres humanos, inerente à sua natureza criada pelo próprio Deus.
Se Ele não nos poupa dos males, riscos e limitações que compõem a nossa existência no tempo e no espaço, Deus também não nos nega os recursos e meios necessários para que gerenciemos essa existência a partir da nossa liberdade de arbítrio e de escolha.
A Providência Divina age em harmonia com o respeito de Deus pela liberdade que Ele próprio quis atribuir à nossa natureza racional. Mesmo quando a nossa liberdade nos permite agir colocando-nos em risco, Ele não a suprime: em vez de nos tratar como marionetes, Ele prefere nos dotar das faculdades e recursos necessários para que nós próprios assumamos as nossas responsabilidades. Acolher a Sua presença ou descartá-la é apenas um dos cenários em que podemos exercer essa liberdade e suas decorrências. Somos tão livres de arbítrio e escolha que podemos optar até mesmo por prescindir de Deus em nossa vida! Igualmente, somos tão livres de arbítrio e escolha que podemos optar por reconhecer no mistério da nossa existência neste mundo os rastros da Sua presença que nos aponta os caminhos. É a liberdade da fé, à nossa disposição.
Muito importante: para nós, católicos, também é o caso de reconhecer a intercessão de Nossa Senhora, dos santos e dos anjos, a quem recorremos como família unida de filhos de Deus, com toda a confiança!