Paróquia São Pedro Apóstolo - Gaspar, SC

Notícias › 22/05/2019

Vida Franciscana: Luzes ao longo da caminhada

 

Exortações e admoestações

A Ordem do Frades Menores em seus capítulos eletivos e avaliativos, nas exortações dos Ministros, em diretrizes para a formação e a evangelização não quer que os frades marquem passo. Produz documentos. Quer despertar. Dizem muitos que documentos não mudam a vida. É verdade: discursos não transformam. Renovar a partir do melhor que descansa em nossos corações. Acolhendo o vigor dos que nos precederam. Não colocando apenas remendos, mas transformando a partir do interior. Inventando o novo. Belas e oportunas estas exortações e admoestações elaboradas a partir de nosso patrimônio. Com as luzes daqueles que nos ajudam a caminhar.

I. Discernir

Frades Menores

… sentimo-nos chamados a iniciar em todo o tempo e lugar, a caminhada do discernimento evangélico: “Examinai tudo e ficai com o que é bom” (1Ts 5,21). Esse discernimento deve ser feito numa dupla perspectiva: por um lado tomar consciência das estruturas pessoais e sociais que se opõem à vida, para denunciá-las e contribuir para sua superação; por outro lado abrir os olhos da fé e da esperança para perceber, no meio das crises, os sonhos visíveis da humanidade, para dar-lhe espaço em nossa vida e antecipar, assim, o Reino proclamado e vivido por Jesus Cristo. Quer dizer, é preciso saber “distinguir o que vem do Espírito daquilo que lhe é contrario” (VC 73). Como fez Francisco de Assis, que aparecia a todos, diz seu biógrafo oficial, “como um homem do outro mundo” (1Cel 36), antecipação viva de um mundo possível a todos. Se formos capazes de ler os sinais dos tempos, poderemos ser sinais legíveis de vida para um mundo sedento de “novos céus e nova terra” (Is 65, 17; cf Ap 21,1).

O Senhor te dê paz, Capitulo Geral OFM Assis, 2003

Questionamentos:

• De maneira prática, como se faz, na vida franciscana o discernimento evangélico? O que aviva o carisma?
• O texto fala de “sonhos visíveis da humanidade”… Que sonhos são esses?
• Francisco, homem de novo século. Por que lhe atribuíram esse título? Qual é a novidade de Francisco? Nós, discípulos não ferventes do Poverello, que novidade podemos (ou devemos) oferecer ao mundo?

II. Tempo de crise, tempo de graça

A realidade

… confirma que o trigo e a cizânia crescem juntos (cf. Mt 13,24-30); isto constitui um convite urgente ao discernimento evangélico para decidir que direção deve tomar nossa caminhada de transformação pessoal e institucional. Percebemos a crise de fé provocada pelo mundo atual como um momento de graça, um kairós, que nos desafia a recriar nossa experiência de crentes em sintonia com os desafios de uma época em crise. É uma ocasião de experimentar um credo que faça emergir a totalidade da pessoa e comprometa com a paz e com o bem, uma ética da coerência que supere a fragmentação mediante uma caminhada de harmonização e de integração: pensamentos e obras, oração e ação, palavra e trabalho, fé e vida, aspirações do coração para a fé e para a esperança e sua encarnação em formas visíveis (ações, ritos, estruturas).

O Senhor te dê a paz, Capitulo Geral OFM Assis, 2003

Questionamentos:

♦ “Recriar nossa experiência de crentes”… O que pode querer dizer isto?
♦ “Um credo que faça emergir a totalidade da pessoa?” – Seria um credo não apenas de verdades e de noções repetidas mas principalmente no coração da vida, no convívio com os outros, acreditar que nos colocamos a serviço de força e de um dinamismo de Deus em nossa casa e em nossa vida de missionários, responde aos nossos anseios mais profundos e não apenas na segurança de ritos e de leis? Seria isso?

♦ Refletir sobre estas linhas de José Antonio Pagola: “Na fé, o importante não é afirmar que se crê em Deus, mas saber em que Deus se crê. Nada é mais decisivo do que a ideia que cada um se faz de Deus. Se creio num Deus autoritário e justiceiro, acabarei procurando dominar e julgar a todos. Se creio num Deus que é amor e perdão, viverei amando e perdoando. Esta pode ser a pergunta: em que Deus creio: num Deus que corresponde às minhas ambições e interesses ou no Deus vivo revelado em Jesus? A fé, por outro lado, não é uma espécie de “capital” que recebemos no batismo e do qual podemos dispor para o resto da vida. A fé é uma atitude viva que nos mantem atentos a Deus, abertos a cada dia ao mistério de sua proximidade e amor a cada ser humano” (Pagola, Lucas, p. 33).

Frei Almir Guimarães

 

Via Franciscanos